Visitar as escolas primárias em Antígua, Guatemala, constituiu um despertar para uma realidade distinta da ocidental. A falta de recursos didáticos e pedagógicos contrasta com a alegria de viver dos pequeninos e a imensa paciência e zelo dos adultos. Saber que do orçamento estatal apenas 2,5% é dedicado à educação na Guatemala é sintomático do quanto este parece ser um bem considerado menor num país onde a maior fatia do orçamento é atribuída à segurança e, mesmo assim, a violência cresce a cada dia. No entanto, passar umas horas durante cinco semanas numa sala de aula guatemalteca, interagindo com os estudantes e aprendendo com eles é o suficiente para se verificar uma afectividade e boa disposição genuínas que nos faz tomar consciência do contraste entre esses estudantes e os norte-americanos. Ao contrário dos primeiros, os últimos têm tudo e, apesar disso, se têm vindo a tornar menos afectuosos e mais violentos em idades bastante jovens. Afinal, qual é o antídoto à evasão e violência que emana das nossas crianças no mundo ocidental? Dar tudo, afinal, não parece ser solução quando não se ensina a valorizar o que se tem, seja muito ou pouco, e vamos criando seres cada vez menos preparados emocionalmente para lidar com os obstáculos do dia-a-dia. A conexão entre as crianças Mayas e a natureza parece dar-lhes uma harmonia, bondade e espírito de interajuda difíceis de encontrar noutras sociedades contemporâneas. Em suma, vamos ensinar às nossas crianças a ser gratos por aquilo que têm e a apreciar a dádiva de um novo dia em cada amanhecer para que sejam elas terreno fértil gerador de bons frutos para as gerações vindoiras. O mundo agradece.